O Oscar 2024 já ocorreu e dentre os premiados, destacamos os filmes que valem assistir! Há também na lista dois filmes que obtiveram indicações a categorias do Oscar, mas não foram premiados. Todos se encontram em streamings, variando entre PrimeVideo (Amazon), AppleTV (Apple) e Disney+ (Disney).
Anatomia de uma queda
O longa é arrebatador no fim e, em minha opinião, não poderia ser melhor o desfecho.
Concorreu na categoria “Melhor Filme” e foi vencedor de “Melhor Roteiro Original’. Samuel dividia a casa com duas pessoas: a novelista alemã Sandra, com quem era casado, e o filho com deficiência visual, Daniel. O menino se tornou a única testemunha do caso, já que achou o corpo ensanguentado do pai ao voltar de uma caminhada com seu cachorro nos Alpes ses. O espectador é convidado a acompanhar o desenrolar das investigações por trás da morte de Samuel, onde no tribunal, o suspense ganha novos rumos. Detalhes do casamento, questões familiares e o entendimento de Daniel sobre o falecimento do pai entram em jogo, para definir Sandra como possível assassina, ou se foi um caso de suicídio.
Os rejeitados
Tem uma pegada nostálgica dos anos 70.
Personagens desajustados, com histórias de pessoas que não se encaixam ou são deixadas de lado na sociedade por algum motivo, é a sacada do filme! “Os Rejeitados” acompanha um professor mal-humorado de uma prestigiada escola nos Estados Unidos que foi forçado a permanecer no campus para cuidar do grupo de alunos que não tem para onde ir durante as férias de Natal. O professor acaba criando um vínculo improvável com um aluno encrenqueiro magoado e muito inteligente e com a cozinheira-chefe da escola, que acaba de perder um filho no Vietnã.
O filme mostra que nossas relações com as pessoas podem mudar ou acrescentar algo positivo em nossa vida, por mais diferentes que elas sejam. Foi indicado nas categorias “Melhor filme”, “Melhor Ator”, “Melhor Roteiro Original’, “Melhor Montagem” e “Melhor Atriz Coadjuvante”, adquirindo um Oscar somente nesta última categoria.
Vidas adas
Dolorosamente lindo.
O longa, que se a na Coreia do Sul e nos Estados Unidos, emociona com uma história delicada e cheia de sentimento. O filme, do inglês Past Lives, conta a história de Nora e Hae Sung, dois amigos que se conheceram ainda na infância, quando viviam na Coreia do Sul e estavam sempre juntos e apoiando um ao outro. Mas Nora se mudou para os Estados Unidos com a família, enquanto Hae Sung ficou na Coreia do Sul. Com o ar dos anos, Nora vive em Nova York e é casada, e Sung foi para o exército e voltou. Anos depois de serem separados, agora adultos, os amigos se reencontram pela internet e começam a se atualizar sobre a vida que levam, até que Hae Sung viaja à Nova York para o tão esperado reencontro. Um filme que não só traz uma história tocante, como também excelentes atuações e capturas de câmera. Indicado somente em “Melhor Roteiro Original” e “Melhor Filme”, não levou nenhum Oscar, infelizmente.
Assassinos da Lua das Flores
Faz lembrar os filmes de faroeste.
Do aclamado cineasta Martin Scorsese e inspirado no best-seller de David Grann, baseado em uma história real, Assassinos da Lua das Flores é situado em 1920, na região de Oklahoma, nos Estados Unidos. Misteriosos assassinatos acontecem com os povos indígenas Osage, donos de uma terra rica em petróleo. O caso foi investigado pelo FBI, a agência que tinha acabado de ser criada na época, envolvendo o poderoso J. Edgar Hoover, seu primeiro diretor.
O protagonista da trama é Leonardo DiCaprio, que retornando da Primeira Guerra Mundial, viaja para Oklahoma, para se estabelecer com ajuda do seu tio William Hale (Robert De Niro). Estúpido, mas com ambição de se estabelecer financeiramente, DiCaprio serve como um fantoche para os planos macabros do tio em tomar a riqueza indígena. De Niro impressiona como um dos personagens mais repugnantes de sua carreira. São quase 3hrs e meia de filme, partindo de quando os brancos já estão estabelecidos na região e, progressivamente, começam a colocar seu plano em prática com assassinatos.
Concorreu com “Melhor Filme”, “Melhor Direção”, “Melhor Atriz”, “Melhor Ator Coadjuvante”, “Melhor Trilha Sonora”, “Melhor Canção Original”, “Melhor Design de Produção”, “Melhor Fotografia”, “Melhor Figurino” e “Melhor Montagem”. Em 23 categorias que o Oscar possui, foi indicado em 10, e não levou nenhuma estatueta.
Oppenheimer
“Este é um filme sobre consequências” – foi assim que o premiado diretor Christopher Nolan definiu seu filme.
Indicado em 13 categorias levou o Oscar em 7 delas, dentre as quais o de Melhor Filme, Direção, Ator e Ator Coadjuvante. Foi o filme que fez frente a febre do filme da boneca Barbie, que diga-se de agem, concorreu em 8 categorias e levou somente um Oscar, em “Melhor Canção Original”.
Conta a história do físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), um dos físicos mais importantes que já viveram, cuja invenção – a bomba atômica – marca um dos momentos mais terríveis da história da humanidade. Ao lado de outros cientistas, militares e autoridades políticas, Oppenheimer liderou o processo. Uma vez que já sabemos como essa história termina, o grande trunfo é nos levar aos detalhes mais morais e éticos desse acontecimento, e é nesse sentido que o longa nos traz a sensação alarmante de que a história pode se repetir, especialmente quando é esquecida…
A experiência visual de Oppenheimer é um evento: foi explodida uma bomba sem usar efeitos gráficos. Era tudo de verdade, feito em frente às câmeras. Não é difícil imaginar a justificativa por trás da escolha: tornar o efeito o mais realista e impressionante possível Durante suas 3 horas de duração e diálogos nem sempre fáceis de entender, a produção também nos leva a uma questão crucial: quem é o responsável pela tragédia? O sangue está nas mãos de quem? Quem dá uma resposta (cheia de margem para questionamentos) é o presidente dos Estados Unidos em cena com o cientista: “ninguém se importa com quem criou a bomba, só com quem mandou jogar”.
Ficção americana
Entre as características da filmografia, está o humor sarcástico aliado com críticas sociais.
Venceu a categoria “Melhor Roteiro Adaptado”, sendo que foi indicado a 5 categorias. Ficção Americana é a história de Monk, um escritor de livros eruditos de sucesso moderado, que se vê em uma situação financeira complicada quando a mãe adoece. Desencantado com o mundo literário, e especialmente com a hipocrisia das editoras que priorizam narrativas de sofrimento negro para apaziguar a culpa das elites brancas que compram seus livros, ele resolve (meio que de brincadeira) assumir um pseudônimo e escrever uma história que satiriza pelo exagero todos os clichês desses livros “sobre a realidade do gueto” que voam das prateleiras. O resultado, claro, é que sua obra irônica é recebida sem nenhuma ironia pelo mercado, e faz sucesso.
Pobres criaturas
Foi indicado a 11 categorias, arrematando 4 Oscars: “Melhor Atriz”, “Melhor Figurino”, “Melhor Design de Produção” e “Melhor Cabelo e Maquiagem”. É um filme ado na era vitoriana, no século 19. Uma comédia cheia de diálogos engraçados, mas também é uma fantasia, uma espécie de Frankenstein cujo monstro é uma mulher, chamada Bella.
Entre o sair de casa e explorar o mundo até seu inevitável retorno, Bella tenta dar sentido à existência, com todas as suas contradições, enquanto a questiona e habita um mundo em que conto de fadas e surrealismo se misturam.
por Ana Roberta