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Uma cidade que parou no ado. Esta é a sensação de quem percorre os becos e ruelas históricos ou visita as igrejas e casarões de Tiradentes. E não é por acaso que o clima colonial permanece vivo por lá: existe uma preocupação em preservar a história com um investimento constante no patrimônio. A prefeitura criou um plano de inventário, espécie de estudo para definir que equipamentos devem ser tombados. No mês ado, cinco bens materiais e imateriais foram inventariados e, com isso, poderão ser beneficiados com o ICMS Patrimônio Cultural, programa estadual de ree de recursos. 

Entraram na lista: a matriz de Santo Antônio, o chafariz São José, a igreja de Nossa Senhora do Rosário, o Museu da Liturgia e o Jubileu da Santíssima Trindade – os três primeiros já têm proteção federal. Até o ano que vem, esses bens inventariados deverão ser tombados pelo município. “Esses patrimônios são os que mais estão precisando de proteção. A igreja matriz e a do Rosário estão ando por reformas por conta das paróquias. Estas foram as únicas igrejas que não participaram do programa de restauração do BNDES, de 2009 a 2018, quando foram investidos mais de R$ 40 milhões em patrimônio”, afirma o secretário municipal de Turismo, Henrique Rohrmann. 

Até setembro deste ano, quando houve o último ree, a cidade garantiu R$ 150 mil em ICMS Cultural. A expectativa é fechar o ano com uma arrecadação de R$ 330 mil. O recurso será usado para investir em preservação. “A grande vocação de Tiradentes é o patrimônio preservado”, afirma o secretário. 

Também arão por intervenções no próximo ano a estação de trem de César de Pina, na zona rural, com aporte de R$ 240 mil, e a Capelinha de Santo Antônio do Canjica, com gastos estimados em R$ 60 mil. A licitação das obras vai ocorrer até janeiro de 2020.

Chafariz de São José

O chafariz foi construído em 1749. A parte da frente era usada como bebedouro; a da direita, para lavagem de roupas; e a da esquerda para animais e escravos. A construção tem uma inclinação aproximada de 15º.  O objetivo era garantir que, em caso de problema estrutural, a construção desabasse sobre escravos e animais, e não sobre os senhores.

Museu da Liturgia

O Museu da Liturgia de Tiradentes é o único dedicado ao tema na América Latina. Tem um acervo de mais de 420 peças sacras dos séculos XVIII a XX, completamente restauradas, além de instalações audiovisuais e terminais multimídia. O espaço 
foi inaugurado em 2012, com patrocínio do BNDES.

Igreja matriz de Santo Antônio 

É o principal templo católico de Tiradentes. A porta central tem uma moldura em pedra entalhada por Aleijadinho. A matriz tem 482 kg de ouro, sendo a segunda igreja com a maior quantidade do metal no Brasil, atrás da igreja do Convento de São Francisco, na Bahia. Está em um dos locais mais altos da cidade e pode ser vista de quase todos os pontos, para lembrar o destaque da religião, principalmente no período colonial.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário

A igreja é a mais antiga de Tiradentes e foi construída por escravos entre 1708 e 1719. O ouro usado para enfeitar o templo era retirado dos garimpos e carregado clandestinamente em cabelos e debaixo de unhas pelos negros escravizados. A meia-lua desenhada no teto do altar faz referência ao fato de a igreja ter sido construída à noite, no tempo livre dos escravos.

Jubileu 

O Jubileu da Santíssima Trindade é um dos eventos religiosos mais tradicionais de Tiradentes e atrai um grande número de devotos. A festa dura dez dias e tem extensa programação, como procissões, novenas e celebrações de missas a cada hora. Além disso, a festividade conta com apresentações musicais e barracas para comercialização de roupas, comidas típicas, artesanatos e artigos religiosos.

Informações O Tempo | Foto: Flávio Tavares

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