Um adolescente que mata uma colega de escola a facadas. Esse não é apenas o enredo da série Adolescência — sucesso da Netflix lançado em março —, mas um episódio real ocorrido no colégio Livre Aprender, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, na última quinta-feira (8 de maio).
O assassinato de Melissa Campos, de 14 anos, durante uma aula do 9º ano do ensino fundamental, representa o desfecho mais trágico de uma sequência de casos violentos: somente neste ano, até 5 de maio, Minas Gerais contabilizou 525 denúncias de agressões contra crianças e adolescentes em instituições de ensino, registradas por meio do Disque 100. A média é de 130 pedidos de ajuda por mês — uma escalada de 22% em relação ao mesmo período do ano ado, quando foram protocoladas 427 queixas.
Dados da Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania revelam que cada relato esconde múltiplas violações, que vão desde agressões físicas e psicológicas até injúria racial e incitação ao suicídio. Nos 525 registros, o órgão identificou 2.481 abusos. Em média, cada vítima sofreu até cinco formas distintas de violência em uma única denúncia — o que equivale a cerca de 20 infrações diárias contra os direitos de crianças e adolescentes no Estado desde 1º de janeiro.
Nesse contexto, a Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG) afirma que desenvolve projetos de prevenção e combate à violência em todas as unidades da rede pública estadual, como o projeto Com Viver, que busca qualificar os servidores “para tratar da cultura baseada no respeito, no diálogo e nos direitos humanos”. Também são realizadas rodas de conversa sobre equidade e palestras sobre bullying.