Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, os casos de câncer de mama em mulheres com 35 anos ou menos representam de 4% a 5% do total. Esse dado, no ado, era de apenas 2%, o que mostra, segundo os especialistas, uma queda na faixa etária do diagnóstico que, historicamente, atingia, em sua maioria, mulheres a partir dos 50 anos.
A jornalista Júlia Pessôa foi surpreendida com o diagnóstico de câncer de mama. Sem histórico familiar da doença, ela descobriu um tumor na mama direita e logo iniciou o tratamento para combatê-lo. O diagnóstico veio quando Júlia tinha 35 anos, e a colocou na porcentagem pequena, porém crescente, dos casos que acometem mulheres nessa faixa etária.
Para Júlia, aos 35, foi um susto. “Fiquei com medo. A gente pensa: ‘tem tanta coisa que eu desejo, muitos sonhos para realizar, muitos lugares para ir, muita coisa para fazer’. O câncer se torna um freio obrigatório na nossa vida.” Para ela, foram quase dois anos de tratamento, envolvendo quimioterapia, cirurgias, radioterapia e medicação. Hoje, Júlia faz apenas o controle e o acompanhamento com médicos, e não há evidência da doença.
Ela lembra que o diagnóstico precoce fez toda a diferença, e nisso, a informação foi essencial. “É muito importante a gente ter conhecimento, tanto técnico, a respeito dos sintomas, de como perceber que tem alguma coisa fora do normal, quanto conhecer outras pessoas que estão ando por aquilo, ou aram e hoje em dia estão curadas.”
Além dos dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, artigo publicado na revista Nature Reviews Clinical Oncology também aponta uma maior incidência de alguns tipos de câncer, entre eles o câncer de mama, em pessoas abaixo dos 50 anos. Ele aponta que o aumento do uso de programas de rastreamento, principalmente para câncer de mama, tireoide e próstata pode ter contribuído, em parte, por esse fenômeno.
Christiane Meurer é oncologista clínica e explica que esta queda da faixa etária dos diagnósticos deste tipo da doença tem ocorrido por fatores reprodutivos, como o uso de contraceptivos orais, primeira gestação em idade mais avançada, além de obesidade, sedentarismo, consumo de álcool, entre outros. De acordo com ela, esses fatores podem ter contribuído, desde meados do século XX, para o aumento da incidência do câncer de mama em mulheres na pré-menopausa.
A médica oncologista ressalta que existem subtipos diferentes de câncer de mama, que podem responder melhor ou não ao tratamento, e que as mulheres mais jovens, geralmente, têm um número menor de comorbidades associadas. “Quando as pacientes são mais velhas, podem ter outras doenças, como hipertensão e diabetes, que podem tornar o tratamento mais de risco. O que impacta mesmo para você ter uma boa resposta ao tratamento é descobrir a doença logo no início.”
Via Tribuna de Minas