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O assunto Hospital Macedo Couto tomou conta das redes sociais no último mês demissão de enfermeira e médicos que há muito trabalhavam no Nosocômio trouxe indignação há muitos e explicações pouco convincentes pelo atual corpo diretivo do Hospital. A polêmica é grande e merece algumas reflexões. Primeiramente, será que, de fato, é bom para o Hospital que os médicos que trabalham em forma de rodízio e sobreaviso residam em outras cidades e não em nosso município? Será proveitoso trocar, de uma só vez, toda uma equipe do Hospital ainda que tenha havido algum desacordo entre direção e corpo médico? E a maior indagação: é justo com médicos que há décadas prestam serviços ao Hospital serem comunicados de seu desligamento apenas alguns dias antes dele ocorrer?

 

As discussões foram muitas. Respostas e comentários vieram de todas as partes (incluindo Poder Público municipal) e de diversas formas. Mas o que gostaríamos mesmo de tratar aqui, neste momento, é sobre o que esses médicos, que doaram muito de sua vida ao Hospital (às vezes sem receber nenhum vintém, diga-se de agem), não tiveram reconhecido o quanto fizeram para nosso povo e para o nosso “Instituto”. Não estamos aqui questionando a decisão da Direção, que, a princípio, parece ser composta por pessoas sérias e comprometidas. A entrevista do atual Diretor Geral na Rádio Liberdade deixou clara a intenção da equipe diretora: fazer do Hospital uma referência regional e, por isso, mudanças precisam ser feitas. Mas será que dentre essas mudanças necessárias está a de demitir pessoas que doaram grande parte de sua vida à Instituição? Será que o simples fato de pessoas terem pensamentos ou opiniões diferentes faz com que se apague seu ado de dedicação a uma Instituição? Não podemos esquecer que nosso Hospital, durante muitos anos, foi mantido, em grande parte, pela Paróquia e pela população, ou seja, não é uma empresa, mas uma Instituição que depende do povo para que se mantenha ativa.

 

Simplesmente esquecer o ado em prol de mudanças, ainda que possam melhorar a situação do Hospital, não nos parece a melhor solução. Será mesmo que uma conversa sadia e direta com os profissionais da Clínica Médica desligados não seria uma opção melhor? Será mesmo que médicos vindo de outras cidades prestarão melhor serviços do que os prestados por médicos que aqui residem e, como todos nós sabemos, não tinham hora para o atendimento à população? Será que os novos médicos terão a mesma disponibilidade do que os antigos? Caros leitores, não somos donos da verdade e não estamos aqui apontando conclusões. Trazemos dúvidas que se apresentam em cenário, no mínimo, movediço. Não estamos dizendo certa ou errada a decisão de desligamento dos médicos da Clínica Médica de nosso Hospital. Mas será que eles, mesmo com tantos anos de trabalho, simplesmente, perderam o valor que tinham?

 

Gratidão é uma linda palavra. Repetida muitas vezes, mas pouco aplicada. No mercado de trabalho, cada vez me convenço mais, não importa o que você tenha feito. Não existe gratidão. O que importa é o que você ainda pode fazer. Somos apenas um número. Se não estamos mais aptos a fazer o que o “patrão” deseja, seja certo ou errado, simplesmente não servimos mais, independe do que tenhamos feito no ado. Fica aqui, ao menos para nós, a gratidão à equipe que se desligou do Hospital no último dia 1.º de maio, doutores Sérgio, Luciana, Orlando e Flávio. E à nova equipe que chega, desejamos sorte e esperamos que repita o brilhante trabalho da equipe anterior. Esperamos que essas grandes mudanças havidas e que, aparentemente, ainda virão, sejam em prol da população .de Barroso e região, que merece uma saúde digna.

 

por Gian Brandão

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