7 de setembro de 2022. Duzentos anos após o solene grito “Independência ou morte”, bradado por Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, o Brasil mudou bastante. Não somos mais uma monarquia. A República ou por diversos percalços, com a Democracia colada à prova várias vezes. Mas, a duras penas, vamos seguindo.
Muito interessante acompanhar os desfiles das crianças e jovens Brasil afora comemorando a Independência. É um dia diferente para nós brasileiros. Na nossa cidade, o tradicional desfile novamente ocorreu após três anos em virtude da Pandemia. Grande parte da população se fez presente no na Rua Coronel Arthur Napoleão e na Praça Santana. A competente Banda de Música Municipal sempre abrilhantando o hasteamento de bandeiras e iniciando os desfiles. As escolas homenageando a Pátria. Foi bonito de se ver.
Mas, infelizmente, em um ano onde as comemorações deveriam ser a marca desta data, vemos que muitos preferiram utilizá-la politicamente, em virtude das eleições que se avizinham. Que os candidatos assim o façam, ainda podemos entender. Mas a população (uma minoria, diga-se) ir para as ruas bradar contra as instituições democráticas, é algo que se apresenta como temerário.
A manifestação popular é sempre válida e importante. Mas utilizar-se da data dos 200 anos da nossa independência politicamente, é um descaso com um marco tão significativo. E aqui não estamos falando de A ou B. Mas de pessoas que ao invés de comemorar a Pátria, utilizaram o 7 de setembro para idolatrar homens. Pior, não os nossos pais fundadores, mas sim, homens atuais em busca de poder. É uma lástima.
Contudo, será que, de fato, o Brasil e nós brasileiros somos independentes? Segundo dados oficiais, mais de 33 milhões de brasileiros am fome. Uma grande massa de miseráveis vagueia pelo Brasil atrás de restos de comida e osso para se alimentarem a si e a seus filhos.
Apesar de estar em queda, existem milhões de Brasileiros sem emprego. E em uma sociedade como a nossa, emprego é questão de dignidade. Ao não se ter o mínimo para sobreviver, toda a sociedade está sendo condenada ao aumento de violência e mostra, escancaradamente, a falta de empatia entre os nossos, onde poucos têm muito, e muitos têm poucos.
A inflação da cesta-básica em nosso país é algo avassalador. Todos aqueles que vão às compras nos supermercados sabem que os preços subiram de forma galopante. E pior, essa inflação no preço de alimentos e itens básicos afeta muito mais os pobres do que os ricos.
Estamos atrelados a uma economia de mercado onde qualquer modificação no cenário internacional trás impactos gigantescos ao nosso país. Não se desconhece o mundo globalizado que vivemos. Mas será justo tirar alimentos da boca de nossos cidadãos brasileiros para exportar para outros países enquanto os nossos am fome? Será que o lucro está acima de tudo? Será que o agronegócio é realmente pop ou apenas mais uma empresa lucrativa que não se importa com o bem estar social de nossa população?
De fato, a Independência de nosso país, como nação livre de Portugal, ocorreu. Mas será que somos verdadeiramente livres?
Certa vez, James R. Kahn disse que o “o Brasil sempre será o país do futuro…” Ou seja, nunca chegamos lá, apesar de termos tudo para conseguirmos ser melhores. Será que não está na hora de buscar uma mudança? Será que não devemos tentar chegar a esse futuro que nunca chega? Cabe a nós brasileiros decidirmos isso. Sem ídolos, sem hipocrisia.
É como disse Vandre: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”
Que os próximos duzentos anos sejam de igualdade, liberdade e fraternidade.
Que todos possam ter chances iguais.
E que as ideias se sobreponham ao ser.
Viva o Brasil!
por Gian Brandão