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A polarização em nossa sociedade tem tomado força nunca antes vista. Estamos chegando aos esmeros de politizar a guerra entre Hamas e Israel como se fosse coisa nossa, de brasileiros… Alguns defendem Israel com tanta força que parecem que estão no centro da guerra. Acusam a Palestina de terrorismo sem saber, às vezes, sequer em qual continente ela está situada…

Não há nada errado em ser de direita ou de esquerda. Capitalista ou socialista. Cruzeiro ou Atlético. Ou seja lá que dicotomia for. Não é porque alguém tem simpatia por algo que fica impedido de também gostar do seu “oposto”.

Que mal há em ser simpático ao socialismo e votar em um político de direita? Ou, ao contrário, ter padrões conservadores, mais voltados à direita, e votar em um partido comunista?

Chegamos no Brasil a uma situação lastimável. Ou você é, ou não é. Não existe meio termo. E desde que você seja “de um lado”, ao que parece, você precisa defender tudo o que esse “lado” entende como certo, sob pena de você ser um traidor. É um absurdo.

Como sabemos, contra uma tese, apresenta-se outras teses e antíteses. E a partir de tais discussões, os sábios buscam o que é melhor em cada uma das teses e encontram uma síntese. Ora, não é muito mais lógico pegar o que há de bom em cada coisa para se produzir algo ainda melhor?

É descabida essa divisão havida em nosso país. Evidenciou-se isso nos últimos anos, principalmente, entre os bolsonaristas e os lulistas. Para os bolsonaristas, tudo o que é feito ou pensado por Lula está errado. E o mesmo se diga aos lulistas: tudo que é produzido pelo bolsonarismo é errado. Mas será que não há nada além disso? É claro que estamos falando sobre os radicais de cada um dos lados, os quais pregam, na verdade, o ódio ao invés do amor. A Guerra ao invés da paz.

A democracia deve respeitar todas as posições. E quanto mais posições melhor. A bipolarização não nos parece boa alternativa. Mesmo nos Estados Unidos, onde temos um bipartidarismo de fato, com Republicanos e Democratas, existem posições conflitantes dentro dos próprios partidos que permitem uma melhor discussão e análise sobre assuntos diversos.

Ou seja, não é porque temos determinado ponto de vista político que devemos aceitar que tudo o que tal corrente fala ou respeita é o certo. Não é porque alguém é bolsonarista que deve ser, necessariamente, a favor do marco temporal das terras indígenas ou contra o aborto. É mais sensato que cada um pense por si mesmo e chegue a suas conclusões, ainda que sejam as mesmas do referido grupo político.

Precisamos deixar de ser radicais e armos a pensar melhor em nossas posições. Não é porque se tem viés político mais à esquerda que se tem que ser, necessariamente, a favor da liberação das drogas. Há coisas boas e ruins em todos os lados, e essa dicotomia burra, apenas por questão de ser, não trás nada de produtivo a ninguém.

E precisamos, ainda, deixar de sermos levados pelo besteirol cotidiano das nossas redes sociais. Precisamos pensar. Precisamos ser mais diligentes em nossas opiniões. Falar por falar, postar por postar, não nos leva a lugar nenhum…

E que fique claro: a discussão ora trazida é contra o radicalismo, seja ele de onde partir. Seja político, social, econômico ou futebolístico. Achar que só o meu “lado” é bom é falta de empatia e radicalização sem sentido.

Pensemos mais. Ouçamos mais. Falemos menos. E que o certo sempre prevaleça sobre o errado, ainda que, para isso, tenhamos que dar o braço a torcer quanto às nossas opiniões.

E vida a Democracia!

por Gian Brandão

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