Não há nada errado em ser de direita ou de esquerda. Capitalista ou socialista. Cruzeiro ou Atlético. Ou seja lá que dicotomia for. Não é porque alguém tem simpatia por algo que fica impedido de também gostar do seu “oposto”.
Que mal há em ser simpático ao socialismo e votar em um político de direita? Ou, ao contrário, ter padrões conservadores, mais voltados à direita, e votar em um partido comunista?
Chegamos no Brasil a uma situação lastimável. Ou você é, ou não é. Não existe meio termo. E desde que você seja “de um lado”, ao que parece, você precisa defender tudo o que esse “lado” entende como certo, sob pena de você ser um traidor. É um absurdo.
Como sabemos, contra uma tese, apresenta-se outras teses e antíteses. E a partir de tais discussões, os sábios buscam o que é melhor em cada uma das teses e encontram uma síntese. Ora, não é muito mais lógico pegar o que há de bom em cada coisa para se produzir algo ainda melhor?
É descabida essa divisão havida em nosso país. Evidenciou-se isso nos últimos anos, principalmente, entre os bolsonaristas e os lulistas. Para os bolsonaristas, tudo o que é feito ou pensado por Lula está errado. E o mesmo se diga aos lulistas: tudo que é produzido pelo bolsonarismo é errado. Mas será que não há nada além disso? É claro que estamos falando sobre os radicais de cada um dos lados, os quais pregam, na verdade, o ódio ao invés do amor. A Guerra ao invés da paz.
Ou seja, não é porque temos determinado ponto de vista político que devemos aceitar que tudo o que tal corrente fala ou respeita é o certo. Não é porque alguém é bolsonarista que deve ser, necessariamente, a favor do marco temporal das terras indígenas ou contra o aborto. É mais sensato que cada um pense por si mesmo e chegue a suas conclusões, ainda que sejam as mesmas do referido grupo político.
Precisamos deixar de ser radicais e armos a pensar melhor em nossas posições. Não é porque se tem viés político mais à esquerda que se tem que ser, necessariamente, a favor da liberação das drogas. Há coisas boas e ruins em todos os lados, e essa dicotomia burra, apenas por questão de ser, não trás nada de produtivo a ninguém.
E precisamos, ainda, deixar de sermos levados pelo besteirol cotidiano das nossas redes sociais. Precisamos pensar. Precisamos ser mais diligentes em nossas opiniões. Falar por falar, postar por postar, não nos leva a lugar nenhum…
E que fique claro: a discussão ora trazida é contra o radicalismo, seja ele de onde partir. Seja político, social, econômico ou futebolístico. Achar que só o meu “lado” é bom é falta de empatia e radicalização sem sentido.
Pensemos mais. Ouçamos mais. Falemos menos. E que o certo sempre prevaleça sobre o errado, ainda que, para isso, tenhamos que dar o braço a torcer quanto às nossas opiniões.
E vida a Democracia!